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Monday, March 28, 2005

08/VIII - A PLANTAÇÃO MORTAL DE PAPOULAS

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Plantação de Papoulas

Imagem: Internet







Quase meio-dia, quando a jangada ficou pronta. Para impulsioná-la, o Homem de Lata preparou duas grandes varas de bambu. Dorothy, com Totó nos braços, foi a primeira a embarcar. Depois, o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata.

Tudo ia bem até o meio do rio, quando, de repente, uma forte correnteza começa a arrastar a jangada rio abaixo.

- Que azar!... – queixa-se o Homem de Lata.

- Temos que fazer alguma coisa para conter essa geringonça – alerta o Leão.

O Espantalho, afobado com a ocorrência, empurra com tanta força o varão no fundo do rio, que ele fica grudado na lama. E, antes que pudesse puxá-lo ou largar, a embarcação continua sendo levada pela correnteza, deixando o boneco preso à vara no meio do rio.

Dorothy se apavora, temendo o pior para o amigo. O Leão então decide:

- Vou pular para dentro d’água e, nadando posso arrastar a embarcação até a outra margem do rio.

E se dirigindo ao Homem de Lata:

- Então, é só você segurar firme na ponta da minha cauda, que tudo vai dar certo, viu?

- Positivo, companheiro.   

O Leão pula na água repleto de coragem. Em pouco tempo, cruza a jangada até a outra margem do rio. Dorothy pergunta ansiosa:

- E agora, como salvar o Espantalho?  

Ninguém responde. Sentam-se todos desolados na beira do rio, olhando com tristeza o amigo agarrado ao varapau no meio da correnteza.

- Precisamos livrar nosso companheiro desse apuro. Quem ajudar?

- Calma, Dorothy, calma. Vamos pensar um pouco mais - responde o Leão, enquanto se rolava na relva para secar.

Nisso, aparece uma Cegonha para beber água. Ao ver os estranhos, pergunta curiosa:

- Quem são vocês?

- Sou Dorothy. Eles são meus amigos.

- Muito prazer.

- Por que estão aqui?

- Vamos para a Cidade das Esmeraldas.

- Passear?

- Queremos fazer pedidos ao Mágico de Oz.

- Ah, é!... Muito bem, espero que ele atenda a vocês.

- Claro.

- Basta tomar aquele caminho. Boa sorte a todos – aponta a Cegonha com a ponta da asa.

- Dorothy agradece balançando cabeça, com uma observação:

 – Antes, precisamos salvar o Espantalho. Veja, está dependurado numa vara ali no meio do rio.

A Cegonha vira o longo pescoço para o outro lado, condoída:

- Coitado!... Ah, se não fosse tão grande e tão pesado eu poderia dar uma ajuda na salvação dele.

Dorothy abre um sorriso de esperança:

- Não. Não. Ele não pesa quase nada, é feito de palha.

- De palha?

- Oh, por favor, nos ajude!...

- De palha!... Bem, se é assim, posso tentar.

Imediatamente, o pássaro grande voa até o Espantalho, agarra-o e transporta o boneco para junto dos amigos. Quando ele se encontrou de novo com os amigos, sentiu-se tão alegre que abraçou a todos e agradeceu a atitude bondosa da cegonha, dizendo que, quando estivesse com seu cérebro no lugar, voltaria para pagar-lhe o grande favor.

- Não tem importância – manifesta a cegonha. – Agrada-me muito ajudar a quem necessita.

- Claro.

- Pois bem, agora tenho que ir porque meus filhotes me aguardam no ninho com fome. Torço para que encontrem a Cidade das Esmeraldas e que Oz ajude vocês.

- Obrigada - responde Dorothy quando a ave, toda orgulhosa, partia voando pelos céus.

Nesse momento, contentes os forasteiros reiniciam a caminhada. A região era outra, bem mais vistosa. De encher os olhos. Cultivada com plantas da família da ‘papaveráceas’, simulava um vasto tapete de flores coloridas, brilhantes ao sol. Dorothy agacha, apanha uma papoula, cheira e elogia o perfume:

- Não são lindas, amigos? Ai, que aroma muito agradável!...

Mal sabia que o forte cheiro daquela planta, com propriedades narcóticas, era capaz de entorpecer qualquer pessoa, e deixá-la adormecida para o resto da vida. Não deu outra. Dorothy, por não resistir os efeitos maléficos da planta, cai desmaiada na grama.

O Homem de Lata, ao ver a garota caída, sente um estridente arrepio a percorrendo-lhe a lataria.

 - Meu Deus, que vamos fazer?

- Tudo que for possível para tirar Dorothy daqui - acode o Leão.

- O quê, por exemplo? – pergunta o Espantalho incomodado.

 - Qualquer coisa. Ela está dopada, portanto temos que agir rápido, porque essa planta é do diabo..., é ópio que pode matá-la em pouco tempo. Vejam: o cão também já perdeu os sentidos.

Totó estava caído ao lado da menina. O Espantalho e o Homem de Lata, como não eram de carne e osso, nada sentiram. Ao ver o felino cambaleando, também contaminado pelo tóxico, o boneco grita:

- Companheiro Leão, dê o fora desse lugar o mais rápido possível. Vamos levar Dorothy depressa para outro lugar e cuidar dela. Não se preocupe.

O Leão não pensa duas vezes, dispara rumo à estrada de pedras amarelas. Rapidamente, o Espantalho e o Homem de Lata fazem uma cadeirinha com os braços e começam a carregar a menina e o cachorrinho. Mas, logo adiante encontram o Leão também desmaiado, como se estivesse morto.

O Homem de Lata abaixa a cabeça, fica pensativo por um momento, e lamenta:

- Que pena!... Não podemos fazer nada por ele. É pesado demais! Dormirá aqui para sempre. Talvez sonhe que encontrou a coragem que tanto cobiçava.

- Sinto muito também. Era um bom sujeito – elogia o Espantalho.

- Meu velho pai dizia que na vida precisamos ter a serenidade 

necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, a coragem  para modificar aquelas que podemos e a sabedoria  para
distinguir uma das outras. Certo?

- Bem... Vamos embora. Dorothy pode não suportar esse cheiro maldito por mais tempo – alerta o homem de palha.

Em pouco tempo, os viajantes deixam o campo de papoulas. Procuram lugar seguro e estendem Dorothy e Totó na grama macia, na esperança de que a brisa suave, batendo no seu rosto, despertasse a menina mais ligeira.
 


 

* FBN© - 2013 – A Plantação Mortal de Papoulas – Cap  08 de O MÁGICO DE OZ – Adaptação livre do original por: Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em português - IIustr.: Imagens da Internet  - Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/plantao-mortal-de-papoulas.html

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