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Monday, March 28, 2005

18/VIII - A PARTIDA PARA O SUL

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Ilustração original, 1900
 
 
Imagem: Internet
 
 


 
 
 
Ao ver o balão subir, o sorriso que iluminava o rosto de Dorothy logo se apaga. Desapontada, começa a chorar de tristeza, quase morta de saudades dos parentes, da sua velha casa no Kansas.
O Lenhador também amargurado, confessa:
- Seria um ingrato se não sentisse a partida de Oz. Afinal, foi ele quem me deu o coração que bate no meu peito. Gostaria de chorar um pouco, mas só posso fazer isso se você prometer enxugar minhas lágrimas para que não me oxide.
- Claro – responde Dorothy que logo foi buscar uma toalha.
O Espantalho era o novo Governador da cidade. Mesmo não sendo ele mágico, a população aprovou sua escolha com orgulho, porque não havia nenhuma cidade no mundo, governada por um homem feito de palha.
No outro dia os cinco amigos se reuniram no Salão do Trono para falar sobre a situação em que se encontravam. O homem de palha sentou-se na grande poltrona e os outros, respeitosamente, permaneceram de pé na sua frente, enquanto ele pronunciava:
- Nossa sorte está mudando, já não estamos tão mal assim. Agora, possuímos esse Palácio e a Cidade das Esmeraldas. Quando lembro que eu, até pouco tempo, ficava dependurado em um poste no meio de um milharal, sem cérebro e sem esperanças, e que hoje sou governante dessa bela cidade, sinto satisfeito com minha nova vida.
O Homem de Lata também se manifesta:
- Eu também estou contente por ganhar um coração, cada dia batendo com mais vigor dentro de mim.
O Leão com grande euforia, todo cheio de si, confessa:
- Graças a Oz não sou mais um leão covarde. Alegra-me saber que sou tão valente como qualquer outra fera.
Dorothy, com um sorriso maroto, protesta:
- E eu?... Até quando vou continuar mofando nessa terra perdida no fim do mundo?
- Oh, minha querida, bem que você poderia morar aqui e ser Prefeita da Cidade das Esmeraldas. Assim, nossa felicidade seria completa – sugere o lenhador.
- Não posso.
- Pode sim. Pelo jeito Oz nunca mais põe os pés por aqui, foi como um cometa que cruzou o céu dessas terras.
- Agradeço-lhe, mas creio que já viajei bastante. Agora tenho que retornar ao Kansas.
- Pense melhor.
- Não, não e não!... Lamento dizer, mas eu quero viver com meus tios. A saudade aperta cada dia que passa.
- Se é assim que você quer, assim que vai ser.
- Claro.
- Então, vamos fazer alguma coisa – propõe o Homem de Lata.
O Espantalho começa a andar de lá para cá, matutando uma ideia que pudesse tirar Dorothy daquele lugar. Tanto pensou que os alfinetes e agulhas começaram a querer sair pela sua cabeça. Ao fim diz:
- Bem, Dorothy, se o plano ‘A’ não deu certo, não podemos esquecer que o alfabeto tem 24 letras.
- Quer dizer o quê com isso?
- Em um plano “B”. Podemos convocar os Macacos Alados para levá-la ao Kansas – sugere o Espantalho.
- Isso mesmo!... É o mais certo. Vou buscar a Toca de Ouro – reanima Dorothy, enxugando os olhos.
Instante depois, a garota volta com o gorro na cabeça e pronuncia as palavras mágicas. Em pouco tempo, entram voando pelas janelas do Salão do Trono um grupo de Macacos Alados, que se espalham pelo recinto, amistosamente. O Rei cumprimenta Dorothy com reverência:
- É a segunda vez que nos chama. Dessa vez o que deseja dos Macacos Alados?
- Quero que me levem voando para o Kansas.
O Rei dos Macacos balança a cabeça, negando:
- Isso é impossível, não podemos atravessar o deserto. Pertencemos a esse país e não somos autorizados a sair de seus limites.
Assim falando, o Rei dos Macacos se despede de Dorothy, abre as asas e voa pela janela, com seu bando.
- Pronto!... Desperdicei o pedido à toa – lamenta a garota, soluçando de novo.
O homem de palha dá outra ideia:
- Quem sabe o soldado de barba verde pode nos dar uma luz.
Todos abanaram a cabeça, concordando.  Imediatamente ele foi convocado ao Salão do Trono. O Espantalho logo pergunta:
- Dorothy deseja cruzar o deserto. Como pode fazer isso?
- Não sei.
- Conhece alguém para me ajudar? – pergunta a garota em tom ansioso.
- Talvez, Glinda.
- Quem é Glinda?
- A Bruxa Bondosa do Sul, a mais poderosa de todas. Governa os Quadradinhos. Como seu Castelo fica próximo ao deserto, talvez ela saiba como atravessá-lo.
- E como posso chegar ao seu Castelo?
O soldado pensa antes de responder:
- Há um caminho para o Sul. Mas, dizem que a região é cheia de perigos, infestada de animais ferozes e um povo que ataca os estrangeiros que passam pelo seu território. Por essa razão nunca vimos nenhum dos Quadradinhos na Cidade das Esmeraldas.
Ao ouvir isso, Dorothy decide partir o mais depressa possível. O soldado se retira e o Espantalho dá seu palpite:
- Apesar dos perigos é a melhor saída para realizar seu desejo. Acho que Glinda pode ajudar você, porque de outro modo jamais poderá voltar para o Kansas.
- Vou com você – adianta o Leão. – Estou cansado da cidade e com muita saudade dos bosques e dos campos, afinal sou uma fera selvagem. Ademais, nossa amiga necessitará de alguém que a proteja nessa expedição, não é mesmo?
- É verdade – concorda o Homem de Lata. - Pensando bem, acho que também irei com ela à Terra do Sul.
- Pois bem, fica decidido que partiremos amanhã bem cedo – decreta o Espantalho, numa súbita resolução.
- Uai, você também vai? – perguntam todos, surpresos.
- Claro que sim. Devemos tudo a Dorothy. É nossa oportunidade de ser útil e agradecer a quem nos ajudou com tudo que pôde fazer pelos seus amigos.
- Obrigada. Estão sendo muito bondosos comigo. Ai, meu Deus, que seria de mim sem vocês nesse fim de mundo?
- Partiremos amanhã de manhã. Agora, vamos nos aprontar para a caminhada, porque o trecho é longo.
Dorothy, toda radiante, abraça seus amigos e sai para providenciar os preparativos para a viagem.
 
 
 

* FBN© - 2013 – A Partida para o Sul  – Cap.  18 de O MÁGICO DE OZ – Adaptação livre do original, editado no ano de 1900,  por: Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em português - IIustr.: Imagens da Internet  - Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/partida-para-o-sul.html

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