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Monday, March 28, 2005

23/XXIII - GLINDA, A BOA FADA

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Imagem: Internet




 
Antes de entrar no Salão do Trono, os estrangeiros são conduzidos a uma dependência do Castelo, onde Dorothy lava o rosto, o Leão sacode a poeira da juba, o Espantalho ajeita as palhas no corpo e o Homem de Lata lustra seu corpo e lubrifica as juntas. Em seguida, eles acompanham a moça de uniforme de gala até o imenso Salão do Trono.
Cada um mais curioso do que o outro, entram na grande sala olhando para todos os lados, loucos para ver Glinda. Mas, para a surpresa de todos, a cadeira da Fada estava vazia. Ao seu lado resplandecia um pequeno pinheiro, enfeitado bolinhas multicoloridas e brilhantes.
De repente, uma luz forte ilumina o lugar e, como por encanto, as bolinhas transformam-se em dezenas de pássaros coloridos, voando e cantando em volta do trono onde, pouco a pouco, surgia no meio daquele verdadeiro balé de cores, a figura de uma bela mulher vestida de branco. Era Glinda com seus cabelos soltos em cachos pelos ombros, alourados como o trigo, que acabava de aparecer.
Boquiabertos, os forasteiros ficam um bom tempo sem saber o que dizer.
- Bom dia, gente de outras terras – cumprimenta a Fada com ar solene, inclinando-se para Dorothy e seus companheiros.
- Bom dia, Glinda – responde Dorothy com a voz meio trêmula de emoção.
- Em que posso ser útil?
Os olhos de Dorothy brilhavam. Ela queria dizer mil coisas, mas se limita a pedir para voltar ao Kansas.
- Tia Ema deve estar pensando no pior. Talvez já esteja usando vestido de luto – justifica.
Glinda aproxima-se de Dorothy Gale, curva o corpo e beija sua testa, enaltecendo:
- Abençoado seja sempre seu coração, menina. Breve, estará com sua família. Em troca, quero a Touca de Ouro.
- Oh, claro!
Dorothy entrega a Touca à Fada. Nesse momento, seu coração batia tão depressa, quanto sua imaginação voava feito andorinha solta no céu, em direção ao Kansas. Glinda agradece:
- Obrigada. Vou precisar dela por três vezes.
Em seguida, a Fada volta a sentar no seu Trono e pergunta ao Espantalho:
- E você, o que pretende fazer?
- Tenho que retomar o governo da Cidade das Esmeraldas. Oz me nomeou Governador e o povo me adora. A única coisa que me preocupa é como atravessar o morro dos Cabeças de Martelo.
- Não precisa. Por meio do Gorro de Ouro, determinarei aos Macacos Alados que cumpram essa missão, deixando-o com segurança na porta da Cidade das Esmeraldas.
- Agradeço, bondosa fada.
- Não seria legal privar seus cidadãos de um governante tão dedicado e ciente de seus deveres. Isso não é muito comum.
Virando-se para o Homem de Lata, Glinda:
- E você?
- Como os Pisca-Piscas foram bondosos comigo depois da morte da Bruxa Malvada, prometi àquele povo ser o governante de suas terras.
- Muito bem, minha segunda ordem aos Macacos Alados será levá-lo, ainda hoje, para lá – promete Glinda.
- Agradeço de coração toda sua bondade, querida fada.
- Estou segura que saberá governar o país dos Piscas-Picas com sabedoria e bondade. Seu novo coração vai logo mostrar que a profundidade de nosso mundo depende do quanto cavamos.
- Prometo dar tudo de mim para a felicidade geral daquela nação.
- Maravilha! E você, Leão Corajoso, qual seu desejo?
- Assumir o trono na Floresta, que fica além do morro dos Cabeças de Martelo – responde o felino, atopetado de orgulho.
- Deus, salve o Rei da Floresta!
- Obrigado, distinta fada.
- Minha terceira ordem aos Macacos Alados será transportá-lo para lá. Depois, presentearei a Touca de Ouro ao Rei dos Macacos para que ele e seu bando fiquem livres desse encanto.
Dorothy dá um passo à frente, aflita.
- E eu?! Não vai me ajudar a chegar ao Kansas?
- Não precisa. O poder está nos seus pés.
- Meu Deus, terei que atravessar o deserto andando?
- Não, voando.
- Como assim?
- Querida, se soubesse dos poderes dos Sapatos de Prata, teria voltado no mesmo dia em que chegou nessas terras.
- Ah, não! - graceja Dorothy.
Depois, olhando para os amigos:
- Bem, se tivesse ido, não teria conhecido tão ricos companheiros. Nem eles a mim. O Espantalho ficaria sem cérebro, o Homem de Lata sem coração e o Leão permaneceria covarde para o resto da vida.
- Até outro dia, quem sabe? – emocionado insinua o Espantalho.
- Claro, um dia... Depois de algum tempo junto com você, a gente aprende que as verdadeiras amizades podem continuar a crescer mesmo a longas distâncias. E que o importante não é o que você possui na vida, mas quem você tem na vida.
Pausa. Glinda arredonda os olhos, admirada:
- Você é mesmo especial, Dorothy.
A garota abre um sorriso para Glinda e agradece meneando a cabeça várias vezes. A fada então revela em tom afetuoso:
- Os sapatos que você calça são poderosos! Basta bater três vezes um no outro e ordenar que a levem a qualquer parte do mundo.
Dorothy dá um pulo de alegria, remexendo suas tranças:
- Se é assim, vou pedir agora.
Rindo de orelha a orelha, Dorothy abraça o Leão, acariciando-lhe a juba. Beija o Espantalho e o Homem de Lata. Sobe ao trono e dá um apertado abraço de adeus em Glinda. Toma Totó nos braços e bate três vezes com os calcanhares dos Sapatinhos Prateados, um no outro, ordenando:
- Sapatinhos de Prata, vamos para minha casa no Kansas.
Imediatamente, Dorothy foi suspensa no ar. E sai voando em direção ao deserto, tão rápido que só percebia o vento batendo no seu rosto e assoviando nas suas orelhas. Em pouco tempo, chega ao Kansas, aterrissando na relva macia do lugar.
Uma enorme emoção se desenha no rosto alegre de Dorothy ao ver de novo as grandes pradarias cinzentas da região. Bem na sua frente, estava a nova casa construída por Tio Henry.
- Como é agradável – diz com ar íntimo – poder sentir de novo em seu próprio lar.
Totó, ao perceber o cheiro do tio de Dorothy no curral, ordenhando as vacas, pula dos braços dela e corre, ladrando, ao encontro de velho Henry. Ao rever o cão, ele abraça Totó e fica por algum tempo acariciando o pelo do pescoço do animal.
Dorothy, ainda sentada no meio da extensa planície, olha para os pés e vê que os Sapatinhos de Prata foram perdidos para sempre no deserto. Só de meia, muito preocupada, levanta-se de um salto e corre para casa, gritando:
- Tia?... Tia?... Tia?...


* FBN© - 2013 – Glinda, a Boa Fada – Cap. 23 de O MÁGICO DE OZ – Adaptação livre do original, editado no ano de 1900,  por: Welington Almeida Pinto - Categoria: Prosa Infanto-Juvenil – Texto original em português - IIustr.: Imagens da Internet  - Link: http://omagicodeoz.blogspot.com.br/2005/03/glinda-boa-fada.html

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